Eu tenho uma relação bem estranha com a morte. Eu a odeio, mas ao mesmo tempo tenho um fascínio por ela. Antes de pensar que eu sou doido, me dê algumas linhas para tentar explicar tudo.
Eu odeio porque ela ressuscita sentimentos egoístas como a saudade e a solidão (de quem fica). Odeio porque traz a tristeza, o choro e a vontade de ter manipulado inutilmente o destino para ficarmos um pouco mais com quem se foi.
O que me fascina é que ela é a melhor professora que poderíamos ter. Ela faz com que enxerguemos o quanto somos crianças mimadas que pensam que são donas de pessoas e que o destino foi moldado de uma forma errônea.
Mostra que a vida é uma dádiva e que devemos realmente aproveitar cada segundo e não esperar datas ou realizações para que possamos ser “felizes” de “verdade”. Ela dói, mas cria cicatrizes que nos fazem lembrar que somos muito mais que corpos e, sim, legados e sentimentos e que devemos trabalhar arduamente para que possamos deixar algo além de um vazio no peito das pessoas que nos amam.
Eu moro perto de dois cemitérios e a morte é algo que não sai da minha mente, porque indo ou vindo sempre vejo os muros brancos, os ipês tristonhos, os cortejos melancólicos, os mausoléus cinzentos e os portões ocos.
A morte nos ensina a VIVER de VERDADE e não sobreviver. A morte nos mostra que uma hora chegará a nossa vez e que quando isso acontecer mais pessoas entenderão que a vida é mais que um corpo, um choro ou uma data sombria que dirá quanto tempo não estamos mais entre os vivos.
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