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“Acabou a moleza, Professor!” – Por Andressa Bailão

“Acabou a moleza, professor!” Vários comentários como esse foram veiculados em diversos meios de comunicação após o governo estadual decretar a volta às aulas com 35% dos alunos matriculados.

Primeiramente, dirijo-me a você, isso mesmo, a você que disse que aulas remotas são Moleza. Prefiro acreditar que não conheça o significado desse termo, por isso vou apresentá-lo: “Moleza refere-se a alguém que apresenta falta de ânimo ou que executa determinada atividade sem grande empenho ou esforço.” Se você ainda não entendeu, moleza resume-se à PREGUIÇA.

Fomos uma das poucas classes que precisou ir para a guerra sem preparação, pois não nos ensinaram a sermos “Youtubers”, editores de vídeo e, muito menos, tivemos um manual de sobrevivência às aulas remotas. E quando digo “Sobrevivência”, faço uso em sentido denotativo da palavra, pois ao conversar com amigos psicólogos, os mesmos relataram que seus pacientes que trabalham na área da Educação se encontram em estado de estafa por tanta adaptação. Esse método de aula atingiu demasiadamente a rotina dos professores, pois fomos obrigados a elaborar e implementar soluções de ensino remoto de maneira emergencial. ISSO É MOLEZA!

Sem contar crianças e adolescentes sem acesso à internet que são os que mais sofrem com os impactos sociais da pandemia, aumentando, ainda mais, a desigualdade no acesso a direitos fundamentais. Tanto a equipe gestora quanto os professores, certamente, encontraram uma forma de levar um conhecimento nivelado a todos. ISSO É MOLEZA!

Foi necessário desenvolvermos, nos estudantes, habilidades mais reflexivas, permitindo, assim, que se tornassem aprendizes independentes. Sem contar também, a constante necessidade de construção de vínculos cada vez mais fortes e suporte para o aprendizado emocional. ISSO É MOLEZA!

Além de professores, somos pais, filhos, maridos, esposas que precisaram adequar a rotina de todos às suas. São sábados e domingos imersos na preparação de aulas dinâmicas, formulários, cursos e na busca por metodologias que atendam aos objetivos propostos de cada aula. ISSO É MOLEZA!

Minha indignação não se refere às vicissitudes da Educação, mas sim a indivíduos que vivem tão imersos em uma vida medíocre (procure o significado, antes de começar a proferir impropérios) que não conseguem reconhecer e valorizar o papel que o professor desempenha na sociedade, seja nas aulas remotas ou presenciais.

Antes de dizer que o trabalho do educador é MOLEZA, viva a rotina desse profissional durante uma semana. Após esse período, certamente, você não associará mais esse substantivo abstrato a um professor.  Ao contrário, você descobrirá que somos a personificação da resiliência.

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