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Anjo da Guarda – Por Ronaldo Ruiz Galdino

Se eu contar talvez você não acredite ou pense que fiquei louco. Mas vou contar assim mesmo: eu converso com o meu anjo da guarda. 

“Como assim? Você não é um cético?” – alguém pode perguntar. Sim, acho que ainda sou. 
Vou tentar explicar antes que você diga que sou doido. Para começar eu não o vejo. Bom, até aí tudo bem, porque ninguém vê o seu anjo da guarda. 

Em segundo lugar, a gente não conversa por meio de palavras. Meu anjo da guarda, que batizei de André, aparece disfarçado de bom senso.

É um incômodo dentro de mim, indicando o que eu devo ou não fazer, e que só para quando eu o obedeço. 

E o bendito está sempre certo! Quando eu não dou ouvidos para ele, geralmente, me dou mal. Algumas vezes não acontece nada de ruim, mas, no fundo, sei que ele mexeu os pauzinhos no mundo metafísico para livrar a minha cara daquela vez. 

Hoje mesmo, ou melhor, no dia em que estou escrevendo esta crônica, fui abastecer minha moto. O caminho todo o meu anjo da guarda ficou buzinando na minha mente: não se esquece de encher os pneus. 

Eles estavam murchos há vários dias, o que prejudicava a estabilidade da moto. Porém, estava com muita pressa, queria voltar para casa logo. Mas o André continuou falando.

“Depois, quando o pneu estourar, você não vai culpar Deus, o universo, o destino”, senti ele dizer. 

— Tá bom, tá bom! – eu disse.

— O quê? – perguntou o frentista que me atendia. 

— Ah, desculpe, não foi nada não. Não ligue para mim, sou um cara esquisito. 

 Levei a moto até o calibrador e comecei a encher os pneus.

— Pronto! Está feliz agora? – perguntei ao anjo.

Porém, o incômodo tinha passado. O Anjo da Guarda estava satisfeito pelo dever cumprido. 

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