Stélio Machado Loureiro – Por Ronaldo Ruiz Galdino
Já disse em outra crônica que a gente só dá valor para museus e monumentos históricos quando eles ficam em outras cidades. Especialmente as da Europa, como Paris, Londres, Roma. Pior do que esse desprezo pela história e cultura locais é passar sete anos estudando em uma escola e não saber nada sobre a pessoa que dá nome a ela.
Acho que batizamos prédios públicos e ruas com nomes de pessoas que já partiram para procurarmos saber quem elas foram e para não nos esquecermos mais delas. Ou estou errado?
No meu caso, o prédio em questão é a escola Stélio Machado Loureiro em Birigui, onde estudei da quinta série ao terceiro colegial (era assim que se chamava). Uns dias atrás precisei confirmar o endereço correto da escola para uma reportagem e digitei seu nome no Google. Para minha surpresa, encontrei um texto escrito por uma filha de Stélio, a escritora Priscila de Loureiro Coelho, contando a história dele. Foi assim, por acaso, quinze anos depois de eu ter concluído o ensino médio, que fui saber quem era Stélio Machado Loureiro, que havia nascido em Rincão (SP) em 1919 e falecido em 1955.
Fiquei muito feliz ao descobrir que, assim como eu, Stélio foi jornalista (trabalhou para o Diários Associados de Assis Chateaubriand) e amava escrever, inclusive, crônicas. Se eu soubesse disso na época em que estudava na escola que levava seu nome, teria escolhido a minha profissão de forma mais fácil? Provavelmente, não. Como sempre digo, se alguém me falasse, na época em que era estudante, que me tornaria repórter no futuro, com certeza eu iria rir.
Além de ter dado aulas de História e Português – duas das minhas matérias preferidas na escola – Stélio também gostava de política, assunto que passaria a me interessar para valer na época em que era aluno do ensino médio. Outra coisa que a gente tem em comum é a simpatia pelo municipalismo, embora eu não seja um defensor tão fervoroso dessa bandeira como ele o foi.
Casado com a professora Dora Macedo, Stélio teve seis filhos e morreu jovem, aos 36 anos, quase a idade que tenho hoje, em uma dessas tragédias que nos deixam indignados com o destino. Ele estava indo assistir a uma missa campal quando o barco em que estava virou. Seu corpo desapareceu nas águas do rio Paraná e nunca mais foi encontrado.
Queria ter conhecido sua história bem antes, quando ainda sentava em uma carteira toda rabiscada (por mim mesmo), numa sala de aula da escola estadual Stélio Machado Loureiro, na rua Mário de Souza Campos, entre 1996 e 2002. Teria sido muito enriquecedor para mim na época. Mas tudo tem seu tempo. Como diz o ditado: antes tarde do que nunca.