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Mãe: O Céu na Terra – Por Andressa Bailão

Há um trecho atribuído a Victor Hugo em que lemos:

“A mulher partiu o pão em dois pedaços e os deu aos filhos, que comeram avidamente. ‘Ela não guardou nada para si mesma’, resmungou o sargento.

‘É porque não está com fome’, disse um soldado.

‘Não’, replicou o sargento, ‘é porque ela é mãe’.”

Comecei a entender mais profundamente a ideia implícita na frase “Ser mãe é padecer no paraíso”. Por mais que seja um clichê, revela toda a verdade. Não há qualquer outro chamado, profissão, ou designação, que mesmo com a exaustão física e psicológica, é possível sentir um pedacinho do céu, mesmo que pareça que estejamos vivendo um momento assustador.

Um dos significados de padecer é “Sofrer de uma aflição imensa”, e como mãe, aprendi que quando somos presenteadas com a chegada dos filhos, tudo é levado aos extremos: O extremo do amor, da paciência, da compreensão, da sabedoria e até somos levadas ao extremo da raiva, principalmente quando “mexem” com eles. 

“Sofrer de uma aflição imensa” significa também que qualquer coisa é motivo de extrema preocupação, como enxergarmos uma febre de 38,0 como 40,0 e com isso já vir pensamentos como: “Minha Nossa! Deve ser pneumonia.” (Ainda mais se estiver acompanhada de tosse) ou “alguma infecção forte que pode se espalhar. 

Aprendi que esquecemos até daquela conhecida orientação que nos é dada por praticamente todos os pediatras: “Mãe, é importante que você procure um pediatra somente após 72 horas de febre”, mas como o nosso tempo é diferente do deles, aprendi que três dias são transformados em um e corremos para o pediatra que nos atender mais rápido.

Aprendi que devemos ler com eles e ensinar uma religião, pois nela estão incutidos valores tão esquecidos e profanados pela sociedade atual, como honestidade, altruísmo, caridade e integridade. Aprendi que não é fácil chegar em casa depois de um dia exaustivo e ter a disposição que eles desejam. É mais fácil deitar no sofá, abrir as redes sociais e lá ficar durante horas, enquanto imploram por nossa atenção. Contudo, aprendi que é melhor termos dores nas costas agora, que dor de cabeça mais tarde. Aprendi que a maternidade nos faz desenvolver atributos que jamais teríamos conquistado de outra forma.

Aprendi que eles crescem e de protagonistas, nos tornamos personagens secundárias. Talvez os abraços não sejam mais tão apertados; talvez os beijos, aqueles lambuzados e recebidos a qualquer hora do dia, se tornam mais rápidos com uma pitadinha de vergonha na presença dos amigos.

Aprendi que durante esses anos, a mãe fará mais, dormirá menos, e doará mais de si mesma com menos benefício pessoal do que qualquer grupo de pessoas que conheço em qualquer época da vida. Aprendi que apesar de todos os altos e baixos e das lágrimas ocasionais, da culpa, algumas vezes, buscamos fazer o nosso melhor e eles sabem disso, mesmo que demonstrem ao contrário. Não é de se admirar que tenhamos olheiras tão profundas, mas algumas dessas grandes olheiras não foram provocadas unicamente pela troca de fraldas e por levar as crianças para a escola, mas por, pelo menos, algumas noites insones examinando as motivações e os sentimentos, procurando sinceramente desenvolver a capacidade de cria-los da melhor forma possível.

Aprendi que às vezes, a decisão de um filho irá partir o nosso coração. Algumas expectativas não serão imediatamente alcançadas. Aprendi que talvez eles não se tornem médicos, cientistas ou jogadores de futebol, mas mesmo que nunca façam uma cirurgia, que nunca descubram a cura para uma doença que dizima a humanidade, mesmo que nunca marquem um gol ou que cheguem em último lugar em todas as corridas, eles sempre serão vencedores. Sabem por quê?  Porque eles sempre terão uma mãe que os tornará vitoriosos.

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