A primeira coisa que fazemos quando chegamos a este mundo é chorar. E a coisa que mais somos treinados a não fazer é chorar. Parece uma confusão de informações, eu sei, mas viver é isso, saber dosar e abraçar a escolha que você considera certa.

Eu me lembro muito bem quando minha filha nasceu, ela chorou e não foi pouco, e eu como pai de primeira viagem fazia “shiu, shiu”, tentando fazer ela parar de chorar. O médico com toda calma do mundo me disse:

– Deixe ela chorar, ela tem que chorar, isso indica que os pulmões dela estão bem e com o choro eles serão estimulados a funcionar cada vez melhor.

Talvez essa tenha sido a primeira vez na vida que eu ouvi uma palavra de incentivo ao choro. Eu e mais da metade da população mundial sempre ouvimos frases como:  “Engole esse choro”, “Chorar para quê?” , “Você chorando não fica bonito (a) sorria.”, “Pare de chorar“, “Enxugue essas lágrimas.” E uma longa série de frases que nunca irão favorecer o choro e, sim, desestimulá-lo, como se fosse uma praga.

Mas eu aprendi há algum tempo que chorar é bom, bom porque é um momento onde paramos de fingir ter a força que não temos em alguns momentos da vida. Chorar nos mostra que é preciso apreciar a dor momentânea e deixar com que ela nos ensine que ainda existe esperança, e que não somos fracos por dar passagem a ela. Na verdade, esquecemos de chorar quando devemos porque sempre somos orientados a não chorar. Normalizar o choro deve ser pregado aos quatro ventos, chorar não quer dizer desistir de viver, ou se entregar à tristeza, desde que você saiba que uma hora as lágrimas deverão parar e você deverá retomar a vida. Romantizar a tristeza é errado, mas ignorar que ela existe é uma utopia desnecessária. Chorar é bom, esvazia emoções acumuladas e mostra que somos eternas crianças recém-nascidas estimulando os pulmões para nos fortalecermos com as adversidades da vida.