Analfabetos de Sonhos – Por M.P. Telles
Esses dias ouvi uma história fantástica a respeito de uma senhora bem humilde que trabalhou durante muitos anos na casa de uma família milionária. Aquela senhora não havia tido a oportunidade de aprender a ler e escrever. Seu RG era ridicularizado por muitos porque, ao invés de qualquer garrancho como assinatura, estava grosseiramente sua digital estampada.
A mulher morava na mansão e fazia de tudo, era praticamente como os seus patrões a chamavam: “quase uma mãe”. Muitos anos depois, seu patrão faleceu e ela, já aposentada e muito idosa, ficou acamada durante muitos anos.
Um de seus filhos que morava na capital foi visitá-la sabendo que a hora de sua morte já se aproximara. Quando ele chegou, viu sua mãe anêmica apertando contra o peito um grande porta-retrato. Ela fez um longo discurso sobre sua morte iminente e contou que havia ganhado de seu falecido patrão um bonito papel. Ela não sabia o que havia escrito nele, mas adorava tanto seu antigo patrão que o mandou eternizar naquele porta-retrato que apertava contra o peito.
O filho confuso pegou o porta-retrato e leu tudo que havia escrito naquele papel. Desesperado foi explicar para ela o que realmente era aquele papel, mas sua mãe já havia partido.
Aquele papel se tratava da parte do testamento vinculado a ela, da qual ele deixou 50% de todos os seus bens, porém, ela seria a única que conseguiria retirar aquela fortuna, mais ninguém.
Essa pequena história me fez refletir sobre quantos sonhos mandamos emoldurar com medo de arriscarmos e acabamos perdendo oportunidades gigantescas. Na maioria das vezes somos analfabetos de nossos próprios sonhos e por ignorância não os transformamos em realidade, por não saber o real valor que eles têm.