Triste Espetáculo – Por Ronaldo Ruiz Galdino
Com a atual crise econômica e o crescimento do desemprego, voltamos a ver várias pessoas nos semáforos pedindo dinheiro. Afinal, como diz o ditado, pedir é melhor do que roubar.
Mas existem pessoas que não se sentem bem em somente pedir esmola. Elas creem que precisam oferecer algo em troca para merecer aqueles trocados. Uns vendem doces, outros água. Alguns fazem malabarismo ou embaixadinhas.
Esses dias eu vi um homem fazer um número, digamos, inusitado. Ele colocou sua mochila no asfalto, encostou a cabeça nela e “plantou uma bananeira”. Mal deu tempo do homem voltar à posição normal e o sinal já abriu, não havendo tempo para ele recolher umas moedas.
No começo, confesso que achei engraçado. Porém, logo fui tomado pela tristeza.
Fiquei com pena daquele homem que, ao que tudo indica, carregava o princípio de não ser desonesto para conseguir sobreviver. Ele também não queria só pedir, mas não tinha nada a oferecer além de fazer algo que qualquer criança conseguiria só para se divertir. Um triste espetáculo.
Alguns podem me questionar, dizendo que o homem, talvez, queria dinheiro somente para tomar uma pinga no bar que ficava ali pertinho. Pode até ser, mas não consigo achar isso normal de forma nenhuma.
Considerar essa cena uma banalidade do cotidiano significa aceitar aos poucos a vitória da barbárie sobre a civilização.
Quem se conforma com uma sociedade doente é tão doente quanto ela.